A DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Campinas informou nesta quinta-feira (11) que identificou uma pessoa suspeita de ter gritado "preta lixo" para a vereadora Paolla Miguel (PT) durante a sessão ordinária da última segunda (8).
Além de analisar as imagens e o áudio gravados durante a reunião na Câmara, os investigadores também devem ouvir três testemunhas do crime e a vítima nesta sexta-feira (12). O depoimento de Paolla está marcado para as 13h.
O ataque partiu de um grupo que acompanhava os debates. Segundo os vereadores, a injúria foi proferia por uma mulher. "Foi a mesma pessoa que xingou outros vereadores. Foi uma senhora", afirmou Jorge Schneider (PL).
Para a vereadora Paolla Miguel, a apuração feita pela Polícia Civil pode servir de exemplo para outras pessoas racistas. "Discurso de ódio é um crime sim. Racismo e injúria racial são crimes inafiançáveis e que não prescrevem", disse.
Além disso, torce para que a justiça seja feita e defende que as vítimas sempre denunciem. Ela também agradeceu o apoio que recebeu dos colegas, partidos e movimentos, além de entidades, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Na última quarta (10), atos contra o racismo foram feitos dentro e fora do plenário.
"Muitas pessoas sofrem racismo todos os dias e não têm o apoio que eu tive. Isso foi muito importante para eu conseguir realizar a denúncia e subir na tribuna novamente. Então, tomara que isso se torne um exemplo", argumenta.
APURAÇÃO NA CÂMARA
Além da abertura de uma apuração interna a partir da análise de imagens e do áudio do momento da injúria racial, o presidente da Câmara, Zé Carlos (PSB), disse ter proibido a entrada dos manifestantes presentes na sessão de segunda.
"Essas pessoas não são dignas de estar aqui. Essas pessoas que ultrapassaram o limite estão proibidas de vir. Nós temos registros da documentação e temos imagens. Estão terminantemente proibidas de entrar no plenário", afirmou.
O grupo estava no local para se posicionar contra o "passaporte da vacina" e demonstrou apoio ao discurso de Nelson Hossri (PSD), que também critica a medida. O parlamentar nega que tenha convocado e insuflado essas pessoas.