Para amenizar os efeitos da falta de uma rede de apoio familiar, o projeto Aldeias Infantis atende adolescentes e crianças em um centro de acolhimento especializado no atendimento de mães adolescentes órfãs em Campinas. O local existe há cinco anos.
No Brasil, 400 mil casos de gravidez na adolescência são registrados anualmente. Segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), em 2020, mais de 23% dos bebês nascidos foram de mães nessa faixa etária.
Apesar de representar uma queda de 48% em relação aos últimos 10 anos, ainda é alto e está bem acima da média mundial. "A gente tenta fazer com que elas se sintam mães e possam ser incluídas na sociedade", diz o gestor do projeto, Jorge Dantas.
O local oferece apoio de assistentes sociais e de uma equipe de psicólogas para tratamento e acompanhamento. A ideia é cuidar da saúde física e mental das jovens e permitir que elas retomem os estudos e tenham uma vida em que possam se desenvolver.
A capacidade da casa atualmente permite receber até 10 crianças e jovens. As vagas são preenchidas de acordo com o direcionamento do Conselho Tutelar e do MP (Ministério Público) de Campinas.
MÃES SOCIAIS
Além dos especialistas e profissionais, o projeto também conta com uma equipe de mães sociais que se dedicam para cuidar das mães, dos bebês e das crianças. Maria Dolores da Silva diz ter se identificado com o trabalho, que considera desafiador e recompensador.
"Eu já trabalhava com jovens e adolescentes, mas não com mães órfãs. Foi um choque e uma surpresa, porque a gente vê que a fase foi interrompida pela maternidade. A luta é para que elas consigam aderir a essa realidade para a vida toda", conta.
A manicure Andressa Caroline, de 21 anos, foi acolhida aos 16. Como a gravidez não foi planejada, diz ter encontrou no local especializado tudo o que nunca teve. "Eu tive apoio, abrigo, solidariedade. Me deu uma estrutura, porque eu não conheci minha mãe", define.